domingo, 15 de novembro de 2009

E se eu te dissesse como salvar uma vida, fá-lo-ias?

A Inês Botelho morreu de leucemia em Fevereiro de 2005. Tinha 12 anos.

Esta é a carta escrita pelo Diogo, seu irmão, em 2006.


E se eu te dissesse como salvar uma vida, fá-lo-ias?

Já imaginaste se, de entre os milhares de pessoas que morrem diariamente, tu pudesses salvar uma? E se um amigo teu pudesse salvar outra? E se cada um de nós salvasse alguém? Admito que é ousado e talvez até pretensioso pensar que é assim tão fácil, mas... é mesmo fácil! É só preciso saber como...

Olá! Chamo-me Diogo Botelho, tenho apenas 18 anos mas quero fazer-te uma proposta que tenho a certeza te vai interessar:

Já ouviste falar em leucemia? E em transplantes de medula óssea?
A leucemia é uma doença maligna que afecta a medula óssea, a principal responsável pela produção das células do sangue, provocando um descontrolo na produção de glóbulos brancos e uma diminuição progressiva da produção de células saudáveis. O seu tratamento envolve diversas etapas, sendo uma das mais importantes o transplante de medula óssea - um tratamento que consiste na transferência para o corpo do paciente de células de um dador compatível.

Existe actualmente um banco de dadores de medula óssea, onde estão registados os dados genéticos de todos os dadores do Mundo, incluindo Portugal. Este banco é pesquisado sempre que um transplante é necessário, sendo possível um dador ser chamado a doar medula para um doente de qualquer parte do mundo. O número de dadores existentes neste banco é de aproximadamente 8,5 milhões, e, apesar de ser um número consideravelmente elevado, é muito pequeno quando comparado com a população mundial.

De uma maneira geral, a maioria das pessoas não mostra ainda grande abertura para se inscrever como dadora de medula, pois a palavra “transplante” assusta e receiam ter de doar algum órgão ou de se sacrificar para ajudar o próximo. Esta ideia é completamente errada, pois o processo de doação de medula é semelhante àquele de doação de sangue e as células retiradas para doação são rapidamente renovadas.

Em Portugal o número de dadores tem vindo a aumentar, em grande parte graças a apelos como este que familiares de doentes têm vindo a efectuar. Mas não podemos parar!

Apesar do transplante de medula ser também usado como tratamento de outras doenças além da leucemia, foi através desta que eu tomei conhecimento desta realidade. Foi quando, a 25 de Dezembro de 2002, descobriram que a minha irmã tinha esta doença, que fui obrigado a entrar na crua realidade do Cancro, da Leucemia, dos transplantes de medula, das transfusões de sangue e plaquetas, do banco mundial de dadores... A Inês lutou como ninguém mas o seu caso era muito complicado e infelizmente não resistiu....

Eu conheci a fórmula de salvar vidas da pior maneira, sentindo na pele a sua necessidade quando a minha irmã precisou de um transplante de medula e de um dador compatível para sobreviver. Decidi nesse momento que me inscreveria como dador de medula e de sangue no dia em que fizesse 18 anos, visto ser essa a idade mínima exigida. Agora dou sangue de 4 em 4 meses e em relação à doação de medula é possível que nunca venha a ser chamado para doar medula, mas será a maior honra da minha vida se isso vier a acontecer.

Decidi também nesse dia que a informação que me chegou pelos piores motivos tinha de ser transmitida e partilhada com todos e a todos chegar sob a forma de uma proposta. É por esse motivo que escrevo este apelo e é por seres jovem, saudável e já teres 18 anos, que te faço este desafio:

E se eu te dissesse como salvar uma vida, fá-lo-ias?

Autor: Diogo Botelho

( Associação Inês Botelho. Portugal)

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